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OS SINAIS AGÔNICOS DA NATUREZA
Boa parte da comunidade científica trombeteia o apocalipse. As evidências de deterioração estão nos mais diversos pontos do planeta. Soam como uivos agônicos.
Um estudo do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) estima que o ser humano ultrapassou em 20% os limites de exploração que o planeta pode suportar sem ser degradado. A Terra já não mais nos aguenta. É a marcha da insensatez do homem deletério, consumista e hedonista.
Catástrofes naturais creditadas ao aquecimento global se ampliam assustadoramente, à razão de 20% ao ano. De fato, estão mais frequentes e intensos os furacões, tornados, tufões, secas, incêndios e inundações. Em 2005, por causa do efeito estufa, a Organização das Nações Unidas (ONU) catalogou 259 desastres provocados pela natureza injuriada, os quais levaram sofrimento a 154 milhões de pessoas. “Até os mais céticos comungam da ideia apavorante de que a crise ambiental é real e seus efeitos, imediatos” – corrobora o jornalista Jaime Klintowitz.
O aquecimento global é fruto da emissão de gases poluentes causada, sobretudo, pela queima de combustíveis fósseis e pelos incêndios florestais. A concentração atual de CO2 (dióxido de carbono) é de 375 ppm (partes por milhão), o que representa um incremento de 30% desde a Revolução Industrial.
Além disso, a Organização Meteorológica Mundial admite que 11 dos últimos 12 anos ocupam os primeiros lugares na lista dos anos mais quentes desde 1850. Incêndios florestais triplicaram e terras estorricadas por secas severas dobraram de área nas últimas três décadas. A escritora Rose Marie Muraro é didática: “Quando a Terra já estiver desertificada é que o ser humano vai aprender que não se come dinheiro”.
Nas últimas três décadas, o Ártico perdeu 1,4 milhão de quilômetros quadrados de cobertura de gelo, uma área equivalente a sete vezes a do estado do Paraná. Com certeza, nos próximos 30 anos, a perda será muito maior, uma vez que a natureza não responde de forma linear e sim, pesarosamente, de modo exponencial.
O derretimento do gelo dos polos, somado ao dos glaciares, enseja uma elevação de 3,3 milímetros por ano, no nível dos oceanos, o que representa o dobro do século passado.
Os mares estão ficando mais ácidos. A alteração do pH se deve ao excesso de gás carbônico, afetando a produção de micro-organismos e plânctons que estão na base da cadeia alimentar de muitos seres vivos dos ecossistemas marinhos.
Kilimanjaro, o monte mais alto da África, perdeu 88% de sua cobertura de gelo, desde 1912. É irônico, pois na língua nativa da Tanzânia, o verbete kilimanjaro significa “o monte das neves eternas”. Aquele povo primitivo só não imaginava que o homem contemporâneo – que se autoproclama civilizado – pudesse subverter os sagrados ditames do tênue equilíbrio ambiental.
Jacir J. Venturi É diretor de escola, foi professor do ensino fundamental, do ensino médio, do pré-vestibular, da UFPR e da PUCPR.