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COMO PROFESSOR, NÃO TENHO O DIREITO DE SER MEDIANO

Fruto da convivência com didatas e educadores, das leituras, das boas práticas e até mesmo dos erros cometidos, compartilho os principais ensinamentos de uma rica experiência de 44 anos como professor e gestor em todos os níveis de ensino de escolas públicas e privadas. E me penitencio por tê-los praticado apenas em parte.

A escola é o espaço da diversidade e, por consequência, um excelente laboratório para a vida adulta. A sala de aula representa os metros quadrados mais nobres de qualquer organização educacional. Promover bons valores, autonomia e autodidatismo é o maior legado do professor. Este se torna dispensável com o inexorável passar dos anos, mas os seus ensinamentos reverberarão sobre várias gerações. Nada é mais grandiosa que a missão do educador. E, como educadores, não temos o direito de ser medianos.

Aula que tem de ser dada merece ser bem dada, e, para tanto, bem preparada. Dar uma boa aula não é difícil e é uma excelente terapia. O difícil é dar uma boa aula e manter a motivação e a disciplina. Sem disciplina não há aprendizagem na escola, nem para a vida. O docente deve conter a indisciplina no seu nascedouro, antes que a marola vire um tsunami. Impor limites é uma das suas tarefas precípuas. O denominado “professor bonzinho” é danoso à escola e ao educando.

Mestre: entre em sala com disposição e alegria, tendo em mente que o aluno não está interessado nos seus problemas particulares ou nos desgastes da aula anterior. Quase todo dia o professor tem o seu calvário. Conflitos com os educandos são inevitáveis. Mas pare e pense: quem é o adulto na relação? O magistério é uma árdua fadiga, enquanto sublime tarefa de legar ao mundo uma geração melhor que a nossa.

A didática é primordial, com a premissa de que no ambiente da sala de aula são intensas e constantes as mudanças, o que requer reciclagem continuada. A paixão pelo ensino e a vontade de investir na própria formação demonstram quem realmente quer ser um bom didata. O bom educador é um eterno aprendiz, mantendo-se atualizado nos avanços da sua matéria e das novas práticas e tecnologias educacionais.

No convívio com os educandos, é imprescindível o equilíbrio entre afeto e disciplina, como pratos distintos de uma balança: de um lado, ternura, tolerância, diálogo. Do outro, limites, respeito às normas e à hierarquia. Uma relação que deve ser intensa e proativa, jamais morna ou tíbia.

É indispensável que haja unidade de ação e verbalização do professor e equipe pedagógica diante dos alunos e de familiares, para minimizar posturas antagonistas de alguns pais – como se família e escola em trincheiras opostas estivessem. A escola erra, sim, e a família também. A tolerância ao erro, dentro de certos limites, é uma virtude e um aprendizado para a vida adulta. Sigmund Freud bem assevera: “educar é uma daquelas atividades em que errar é inevitável”.


Jacir J. Venturi, foi professor do Colégio Estadual do Paraná, EJA, pré-vestibulares, PUCPR e UFPR. Atualmente é coordenador da Universidade Positivo.

Jacir Venturi
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